Porém, filhos são produções sob nossa responsabilidade.
Se pensarmos que filhos são dádivas que recebemos para contribuir, mutuamente, para a nossa evolução, vamos entender que tê-los é muito mais sério do que possamos imaginar.
O primeiro passo portanto é compreender que “tê-los” não significa que são nossas propriedades. Significa compreender que eles passarão por um período sob nosso cuidado e quando já não precisarem mais de nossa atenção exclusiva, continuarão sendo de nossa responsabilidade.
Porém, o que infelizmente ocorre é que muitos pais não dão atenção necessária às crianças quando elas estão no período de formação da personalidade, o que vai ocorrer até os dez anos de idade e, quando eles entram na adolescência, período em que é muito complexo a comunicação com elas, familiares não sabem o que fazer diante de comportamentos que por sua vez, irão afastá-los ainda mais.
Quando, portanto, um adulto apresenta dificuldade de relacionamento, quer seja pessoal ou profissional; quando se comporta de forma a prejudicar os outros e a eles próprios, não podemos desconsiderar que se trata de ter tido, infelizmente, um convívio familiar complexo, inexistente e/ou sem a influência positiva dos pais.
Certamente vamos encontrar pessoas extremamente bem sucedidas, embora tenham vivido em ambientes degradantes. No entanto, são as exceções existentes. E isto ocorre por sermos únicos e subjetivos. Algumas crianças conseguem “blindar-se” dos ambientes que lhes causaram sofrimento, enquanto que a maioria é sim, influenciada por eles.
É preciso ficarmos atentos a esta individualidade da criança e mais ainda abertos a respeitá-la, compreendendo que nós, com nossas atitudes influenciaremos em suas vidas mais de forma inconsciente do que conscientemente.
Françoise Dolto, Psicanalista francesa, dizia que os pais deveriam ‘adotar’ os próprios filhos, mas que, infelizmente, não o fazem, muitas vezes: “Nunca se tem um filho igual ao que se sonhou, tem-se um certo tipo de criança e é preciso deixar que cresça segundo a sua verdade: muitas vezes, em vez disso, fazemos o contrário”.
Por tudo isso devemos amparar nossas crianças permitindo que ela tenha de nós, apenas nosso melhor e que possa, por si só, se tornar ela mesma, orgulhosa do que é, e também das lembranças que terá enquanto estavam sob nosso cuidado.
O grande e mais eficaz passo é amar nossas crianças. Permitir que elas sintam amor pela vida, pela família, pelos irmãos, pelos bichinhos de estimação, pela residência e, sobretudo, por elas mesmas.
Uma criança feliz certamente será uma pessoa realizada e compromissada com a felicidade de seu entorno. E uma criança se torna feliz caso sinta que não é propriedade de ninguém, nem dos pais. Um criança se torna feliz quando compreende que tem alguém responsável por ela e que este fato a faz se sentir importante e com desejo de crescer sonhando obter êxito para orgulho de todos, primeiramente sentido orgulho de si própria, evidentemente.