A criança não nasce sabendo o que é certo e o que é errado. O que pode e o que não pode. E muito menos sabe por que não pode muitas coisas.
É preciso, portanto, compreender que ela então testará todas as hipóteses possíveis para aprender.
Algumas tentarão por meio de birra, outras por exagerados mimos e carinhas lindas – nos convencendo a dizer somente “sim” para elas. E quando vai crescendo, vai percebendo que pode controlar a situação, a todo tempo.
Com estes comportamentos, por incrível que pareça, a criança está demonstrando que precisa de ajuda e como não sabe pedir por ela, testa diversos comportamentos para obter uma resposta. Muitos adultos pensam que a criança sabe que está fazendo birra e então respondem com agressividade, castigos e reprimendas. Contribuirá, portanto, para que a criança se torne agressiva e/ou submissa. Outros pensam que a criança é sempre tão meiga e carinhosa que é impossível lhe dizer não. Com tal atitude, o adulto contribui para que a criança se torne mimada e assim, sofrerá quando alguém não corresponder à sua expectativa.
A criança sofre muito neste período de aprendizagem. O que podemos fazer para ajudá-la passar por esta fase com mais equilíbrio emocional e consequente facilidade é dialogar.
Conversar com a criança, mesmo que ela ainda não saiba responder, mesmo que possa parecer um monólogo, onde somente o adulto esteja falando, funciona porque a criança internalizará o conhecimento e assim, no momento oportuno, saberá se comportar e não precisará de subterfúgios para conseguir algo e, principalmente, aprenderá o que ainda não sabe.
No entanto, é preciso estar sempre alerta porque embora educar seja uma tarefa de tempo integral, não há fórmulas prontas. É preciso que a criança conviva em ambiente em que todos vivam princípios norteadores que pregam. Assim ela aprenderá mais facilmente.
E uma das maiores lições que devemos considerar é que punir o erro é demonstrar que não podemos errar nunca e é justamente aí que mora todo o perigo porque a criança não sabe e erra e quando se descobre seu erro, ela é punida. Logo ela então construirá um novo ciclo: não sabe – erra – mente para não ser punida. (Bom, aqui começaríamos outro tema e sobre este ciclo, trataremos noutra oportunidade).
Por tudo isso, precisamos compreender que cada criança cresce de forma diferente porque cada uma internaliza sentimentos que influenciarão por toda vida, de formas diferentes, construídos a partir das respostas dos testes que cada uma fez, de forma inconsciente, no processo de desenvolvimento.
Nossa missão, portanto, é proporcionar oportunidades de aprendizagens por meio de exemplos positivos, diálogos explicativos e, sobretudo, com demonstrações de muito amor por elas principalmente nos primeiros anos de vida. Assim, ela poderá crescer segura, assertiva, aberta ao diálogo e viver com mais equilíbrio emocional, sem necessidade de testes que possam mais desconstruir do que contribuir no processo de aprendizagem.