Esta é uma afirmação de James Heckman, economista estadunidense ganhador do Prêmio Nobel de Economia do ano 2000, baseado em um estudo feito em educação na primeira infância em Michigan, Estados Unidos.
Em visita ao Brasil em 2009, Heckmann, que estudou por 40 anos crianças de dois grupos, demonstrou que um grupo que recebia atendimento qualificado e outro em situação de vulnerabilidade, apresentaram resultados diferentes ao longo do desenvolvimento da vida. Notou que os índices de gravidez na adolescência, os salários e o desempenho cognitivo apresentavam mudanças significativas.
Enfatizando: “É a partir daí que começa a surgir a grande divisão, fazendo com que a desigualdade se perpetue nas gerações posteriores”.
Seus estudos desmentiram os mitos de que uma pessoa herda habilidades especiais ao nascer e a colocou no campo de potencial a serem desenvolvidos.
“Um programa de primeira infância de qualidade para a população carente é uma condição necessária para avançarmos em direção a uma sociedade mais educada, igualitária e, sobretudo, menos violenta”, atestou.
Ressaltou pensarmos ainda que este programa de qualidade é preciso também ocorrer na população que não apresenta dificuldades com questões financeiras mas que não dispõem de tempo para estarem com seus filhos de forma mais efetiva; me referindo aqui à conversar, brincar, sorrir, ler em família, fazer passeios em pracinhas e reservar momentos diários (ou mesmo antes de dormirem) para troca de afetividade.
Caso o ambiente em que convive seja desprovido de amor e diálogo, mesmo que tenha seu dia recheado de compromissos para preencher o tempo com aprendizagem, a criança crescerá dominando conhecimento mas sem equilíbrio emocional.
É preciso haver um conjunto de investimentos: financeiros e emocionais. Assim a criança responderá à sociedade de forma surpreendente.
A criança que frequenta todos os cursos possíveis, ocupando todos os espaços do seu dia, mas convive com intolerância e ausência de diálogo em casa, crescerá intolerante e sem abertura ao diálogo.
A forma como lidamos com uma criança hoje, será como ela tratará o mundo amanhã.
Por isso é fundamental compreender que o período em que o cérebro mais se desenvolve é nos primeiros anos de vida da criança. Ela nasce sem um mínimo de conhecimento racional e consegue absorver o mundo que a cerca em pouco tempo.
Se tempo é mesmo dinheiro, dedicar um tempo de nossa vida à criança que temos em casa significa que estamos investindo na “sociedade melhor” que tanto desejamos.